Concret Jungle (ou Travessia)

Atravesso a cidade monstruosa.

miro em volta mil bocas negras,

que engolem navalhas de luz

cortantes a rasgar o ar.



E os monstros concretos se

insinuam no horizonte

horrendos.

Seus muitos olhos me observam.



Tentáculos saem de todas as direções

e vão sabe Deus aonde,

conduzem fantoches de carne e sonhos

ao local onde nada é.

Posso eu sustentar o ar azougue,

suportar os estrondos metálicos,

conceber tantas tribos,

conhecer tanta gente?



Estou com a cabeça petrificada,

os olhos congestionados.

Os membros querem deixar-me o corpo,

amanhecido por luzes de néon.



Chego a um ponto de equilíbrio

em alguma marquise desconhecida.

Daqui de um elevado,

é tudo uma sopa de elementos confusos.



Corro o risco de nunca me encontrar

e o resgate do meu corpo perdido,

pode me custar a anima.

Por que correr o risco?



Estou aqui e lá,

fundido, perdido na cidade monstro.

Sou um monumento concretista ,

forjado pela medusa urbanística.