O poeta
O vulto na vidraça
ainda enfeita a casa...
De fora, sem entender,
As palavras cercam a janela
e obedecem calmamente
a sombra que as guia
por detrás do vidro!
Figuras, paisagens
em pontos suspensos
nas linhas da poesia...
Flutuam entre o antes e o depois
num até breve mudo
pelo som do vento...
Mágico instante
em que posso varrer de mim
o sofrimento em forma de canção:
surda como o silêncio das letras nas palavras;
leve como a fina mão à brisa leve
das tardes de primavera.