Lapso de Tempo.
O Computador ficou lento. A caneta está com a tinta acabando. É a última folha a4. Acabou a energia. Um relâmpago, um raio, o coração que não quis mais pulsar.
Estava testando as canetas, se a tinta ainda daria para colher mais uma assinatura; que fosse contrato, petição, agravo, ou mesmo a carta de despedida no final da vida. Mas a caneta pegou! Incrivelmente a caneta pegou! Ainda havia tinta azul pulsando em sua veia de plástico. Pegou não apenas para assinar uma última assentada, mas para proporcionar que valesse alguns minutos de felicidade e reflexão... Houve paz naquele instante, certamente, o exato instante onde tudo parou... e..., em seguida o computador voltou a computar suas ilusões, os homens se enlatarem e a se concretarem nos asfaltos, as guilhotinas a decapitar, os mestres de si mesmos a se entreolharem nos espelhos dos apartamentos, e na última folha a4 a caneta deslizou em pensamentos que se metamorfosearam em poemas nas esquinas e botecos do firmamento.