INDISPENSÁVEL
Pra ter a consistência da terra,
a poesia tem que ser adolescente,
ora maduro, ora infantil,
às vezes inseguro,
outras viril.
Pra pra ter o cheiro de mato,
a poesia tem que ser inebriante,
ora odre, ora podre,
meio bicho, meio gente,
ofegante.
Pra ter o gosto da fruta,
a poesia tem que mostrar os dentes,
ser diamba, ser samba,
ansiolítico e estimulante,
água-ardente.
Assim, nada muito sério,
nada muito constante,
a vida segue seu enredo,
e a poesia, igualmente,
nosso sagrado brinquedo.