eu não leio prefácios
eram horas e horas
revisando meticulosamente cada palavra
de valiosas aldravias psicografadas e datilografadas na base de porrada
e da indizível ajuda de deliciosos cigarros filtrados com piteira
imaginando, é claro, estar ao léu, fitando o céu numa bela fazenda em rio claro
descansando debaixo de enormes sombras de aprazíveis pitangueiras
e revivendo eternamente um maldito, jubiloso e sincero sentimento de arrependimento
compreendendo, entendendo, sabendo
que partículas subatômicas geram bombas mais potentes que as nucleares
e de que elas são friamente incapazes de eclodir, explodir
nossos obscuros, estranhos e terríveis infernos particulares
e diagnosticando um incógnito agnóstico viciado em horóscopo
andando distraído, como um ornitorrinco bêbado em labirinto
anestesiando-se da vida com altas doses de absinto
mascando fumo e cuspindo
zinco
mordaça na fornalha
elíptica epilepsia, panspermia
é ferro, aço
mormaço
e as pirâmides de quéops
alinhando-se com o oráculo de delfos
seguidos dos altos e assimétricos voos dos
negros melros
enfim, são aqueles mesmos velhos fatos
você me conhece, isabella
eu não leio prefácios