POEMIX DE 37 MINUTOS

Bem, se qualquer um pode questionar a qualidade dos meus poemas (como já fizeram e ainda vão fazer, é normal), uma coisa eu e eles precisamos admitir: eu escrevo rápido. E muitos de uma vez. Se isso é bom ou ruim são outros quinhentos. Então resolvi me desafiar, com a ajuda da leitora Helga Maia: Ela me jogou palavras aleatórias pelo inbox e eu saí escrevendo o máximo de poemas que consegui. Aqui está o resultado:

amor

rima com dor

mas que bom

que também rima com cor

e nos tira da monocronia

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dinheiro é bom

mas dinheiro pelo dinheiro

não quero nem

pintado de euro

me tira da real, sabe?

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hipocrisia

essa economia toda

de amor

deveria ter mais

hipocrítica com a vida

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um melão com outro

mela a coisa toda

um melaço só

por debaixo da roupa

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"vou no banheiro"

dissse ela

e passou lá o dia inteiro

morreu limpa dos pó do pecado

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pia mesmo

essa pia se acha

só porque se enche

(e não se lembra

que depois esvazia)

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si li cone

nos peitos dela

é porque tinha

que balizar os olhos

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macarrão é massa

mais massa ainda

se fosse de graça

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deu hoje no jornal

o mundo freveu

e virou carnaval

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eu sou metal

raio relampago trovão

mas derreto total

no calor dos teus braços

meu coração

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fêmea

mea culpa não seres

fêtua

tua apenas

porque quero que sejas minha

e então tu és mais menas

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macho

eu acho que te acho

meio mais ou menos

por favor

apaga o facho

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é guerra

é guerra

a palavra me bate

eu bato nela

vê se me enterra

num cemitério de tinta

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canibalismo

uma tribo comendo a outra

na panela do achismo

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eis o meu vício

quanto mais escrevo

mais mesmo me crio

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a palavra é uma espada

um míssil

atravessando qualquer escudo

não faça amor nem guerra

fique apenas mudo

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meu vício de escrever

é um belo entorpecente

pertence a mim mesmo

me leva até pra frente

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rígido, duro

a sua dessorte

é que era impuro

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meu dedo febril

delira letras

muito mais de oito mil

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tem gente que fuma maconha

tem muitos viciados

muitos poucos até em bronha

tenho pena dos outros

queriam ser viciados em dormir

mas não possuem nem a fronha

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substância volátil

a palavra

às vezes vira tátil

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substância versátil

ah, palavra

e quando vira pátio?

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an-atômico

explode o corpo

numa fissura pelo outro

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infantil brincadeira

quando mais escrevemos

mais saem besteiras

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dei um beslicão em mim

é verdade mesmo

que na caí na real?

depois do então

vai ter um fim?

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ai de mim

ai de mim

se eu for a guerra por você

vou morrer

um zé pelim

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vaca cachorra piranha

você é uma bicha louca

e nem vem que não me aranha

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estou num momento vegan

como só folhas

e letras

e versos

e (ahn?)

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nu mesmo

estou eu

do início ao fim

nu apenas

nu

e quem não fica?

toma na roupa

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toma no cru

que se demorar

vai assar tudo

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memória de alguma coisa

de alguma era

de alguma história

não sei de onde

vem essa pilhéria

não me pergunte

sou mera escória

para a vida não cair

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e quando houver o velório

eles dirão

morreu de automutilação

todo dia

arrancava de si

uma história nova

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quando a vitória virá

para um dia chegar a hória

o perdedor descansará?

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passando pra outro estágio

quando o curso está no fim

não sei o que fazer de mim

defendo a mim mesmo

e fim

ando a esmo

o curso continua

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êxtase

a droga da alegria

veio dar-lhe os pêsames

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cuspe que eu vi ele dar

no chão

aquela poça

porta-retrato

do nome de seu amor-ódio

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que cara visionário

se ganhasse pelo que não faz

ao menos teria salário

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eis o orgasmo

mas não olhe agora

lá vem outro espasmo

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fui no planetário

beber conhecimento

só achei uma viagem

que durou um grão momento

foi de outro mundo

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o cosmo

cosmo assim

está dentro de mim?

sou um universo

dentro de um universo

dentro de um universo

e o cosmo?

não tem fim?

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ele meu deu bloque

mandei uma postagem nele

pra iluminar azideia

ele desistiu

eu ri e tirei férias

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nove caudas

minha raposa

kyuubi me proteja

quando o mundo me caçar

que tu eu seja

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ritual diário

orar pro deus busão

passar no mesmo horário

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me dá um like

de amante negro

que eu te dou um nike

é vitória na certa

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descobri um mapa

para o tesouro da viajosidade

tinha um pouco de tudo

porra nenhuma

e nada

(nada que escapa)

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linhas que costuram letras

que viram uma colcha de retalhos

quantos frufrus

espero dar um bom nó

sem fuxicar demais

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aos pares

meus dedos deslizam

nos seus dois

um dois um dois

e apois?

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caos completo

o cão chupando manga

da camisa do esperto

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ordem no tribunal

o juiz antes do réu

o réu diante do tao

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me dá um up aí

up grade

que atrás delas tá tenso

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meio down

o gato triste

fazendo me- own

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um toque

vê se se toca caralho

vê se se toca buceta

se toque por favor

pra depois não vir o choque

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aqui está o meu rito

escrever apenas

e quem sabe virar mito

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no final

eu sei que essa viagem de escrever

se fosse malégna

já teria sido fatal

Dija Darkdija

Dija Darkdija
Enviado por Dija Darkdija em 21/08/2014
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