PERMAFROST
Houve um tempo em que gelaram nossas almas.
Nossas línguas coladas no cano frio de um fuzil.
Nossos homens exilados em terras nevadas.
Nossos jovens educados por geladeiras frost free
e imagens congeladas de um carnaval sem fim.
Mas um sonho não se congela,
ele vive ou morre como o fogo.
A chuva fria não gelificou nossas mãos dadas
no dia em que nas praças exigíamos nosso destino.
Quando rompemos o gelo congelaram nossos dias,
mas a vergonha de um povo chameja por honra.
Hoje nosso suor congelado segue em contêineres refrigerados.
O presente hiberna e poucos rangem os dentes.
Nossas conquistas sofrem processos criogênicos.
Icebergs guardarão a memória dos tempos.
Geleiras liquefeitas ainda revelarão jovens pré-históricos.
O desinteresse de um povo torna-se permafrost,
pois mais fácil é percorrer o universo inteiro
que a distância de um coração gelificado.
Mas um sonho não se congela,
ele vive ou morre como o fogo.