De Outras e Outras

(Intertextualizando Augusto dos Anjos)

Como é doce a véspera do escarro!

Da breve estupidez da paixão resta dos sóbrios o sarro

Nem do peso do que disse e fez – a volta à razão o corrói -

Aprende que o amor não existe, e a paixão o destrói

E caindo, levantando e caindo, a uma após outra se agarra,

Deleitando-se em beijos que, de outras e outras bocas,

Serão, ainda, da mesma que na sua escarra

E dirá aos sóbrios que riem: O coração não aprende!

Voando cada vez mais alto, despencando vertiginosamente,

Acostumado à lama que o espera.