A PORTA...

A porta abre, a porta fecha

Se larga ou estreita

Não abre queixa...

Mal sabe ela

Que ela foi feita

Pra ser fechada, depois abrir...

E o céu se abre igual torneira

Passando a água entre a peneira

A nuvem bela

Ao ser desfeita

Mistura o azul para o sol surgir...

A onda vem, a onda volta

Areia leva, depois se solta

E o que revela

Pela areia

Quando a espuma se diluir...

A noite o azul, que o céu entretece

No escuro véu, que se entristece

Mas, desenfeixa

Do infinito

As luzes feitas

Nos céus benditos...

Pela janela, da minha casa

A lua entra, sem dizer nada...

Luar de prata

Sobe na cama

Encontra as faces de quem se ama...

E a minha filha, que me embaraça

Faz mil perguntas, e não disfarça

Mostando toda a sua graça...

À lua alheia

Luar semeia

Para que o sono em mim se faça...

Depois meus olhos fecham as portas

Pra outras portas do sonho abrir

Do céu torneira despeja água

Pela peneira, e a nuvem ri...

Na madrugada eu vejo então

Nas vagas lentas que vem e vão...

Os vagalumes do infinito

Se retirando como é bonito...!

E o sonho fecha a porta aberta

E vai se abrindo a porta incerta

De outro dia que vai nascer

E o sol vem vindo, te ver crescer...

Eu te pergunto como vai ser?

O novo dia, ao colibri

Pro bicho homem, pra sucuri

Pra todo mundo, pra todo ser...?

E passa o dia de porta aberta

Que a tarde fecha pra outra abrir...!

Autor: André Pinheiro

22/08/2014