OLHOS JOVENS

No ônibus aprecio olhar pela janela.

O panorama são sempre pessoas, casas, estabelecimentos, ruas e vielas.

Mas o vento assanha meus cabelos,

Então fecho a janela.

A imagem já não é tão nítida,

Tudo lá fora embaça.

Tudo menos teu sorriso que vejo refletido

Causando-me náusea.

Nem todos os dias te vejo

E em mim nem sempre te anuncias,

Pois o desejo sem tua imagem definha.

Tempo perdido... entulhos sem serventia.

Então os coloco ao vento fresco

A secar junto as minhas roupas no fim de semana

Suspensas no varal de arame farpado

Que são todos os meus devaneios.

Mas nada disso tem êxito quando te vejo.

Um dia da cadeira alta e solitária abdiquei

No vidro já não te revelavas,

Mas olhando pra frente

Vi teus olhos que me procuravam.

(Me procuravam e me achavam)

E do jeito que olhavas,

Solícita os meus te dei.

Tenho os meus desenganos

Que a vida não me censura.

Ao te olhar me vejo por dentro

A revelar toda essa loucura.

Não me olhes mais e eu tentarei não te ver

És jovem e nunca irás entender

Que beijarei teus lábios, tuas costas e partirei.

O que pode ser insuficiente para ti,

Sem dúvida pra mim não há de ser.

Meu Deus, afasta de mim estes olhos jovens

Que de tão cândidos devem permanecer.

E todos os meus desejos mantenha-os castros

Pois não há nada mais que posso oferecer.

RENIE RAZ
Enviado por RENIE RAZ em 30/08/2014
Código do texto: T4943220
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