Palavra-Presente

Palavra-Presente

Gosto quando me pedem palavras. Especialmente as escritas.

Pela palavra a gente se ganha.

Por ela ainda a gente se perde, porque com quantas palavras se vencem, com quantas se derrotam, com quais se dividem, com quais se despedem... e por quais se medem, por cujas se andam, por quais se procuram e com as quais nunca se contam... e nada disso é pergunta. Porque tudo pode ser resposta.

Depende da palavra que vai em mente. E não mente.

A palavra, ainda que não pareça, é sempre verdadeira, mesmo que de garganta ao vento.

Ou de som que entala.

Muitas palavras entalam. E com estas, as vidas se desencontram.

E muitas se conhecem se reconhecem se envolvem se completam.

Sim. Palavras completam.

E sim ainda:

Palavras se cortam.

Com e como flechas, navalhas, espadas.

E doem.

Por isso existe quem nunca se expressa. O medo de fazer doer. Ou o medo de não saber como não fazer doer.

Palavras são sempre passadas.

E, muitas, do passado nunca deveriam vir à tona, porque quando vêm, são repassadas, e transpassadas.

E inexiste o momento. Somente o que poderia vir...

“Quem sabe um dia eu diga...”

“Eu hei de dizer...”

Tudo futuro.

...Que acaba sendo um eterno passado de esperanças.

Não se aceitam ou não deveriam ser aceitas palavras futuras. Porque o verdadeiro Verbo é Presente.

Sem particípios,

nem artifícios. Somente Presente.

Para quem faz parte e merece a Palavra, o Verbo, e o Momento

Da vida.

(Adriana Luz - em 06 de setembro de 2014)

*

Adriana Luz
Enviado por Adriana Luz em 06/09/2014
Reeditado em 11/12/2021
Código do texto: T4951917
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