O sonhador
Inventei a sorte sem nem mesmo ter provado outro caminho.
Desilusão passada jamais vivi, tal a levza cínica desses dias.
Amanhã é estrada.
Futuro é destino da morte e dela já me cansei de esquecer.
Tanta cor nos seus olhos, tanta alegria velada.
Tanto mais.
Anos e anos encontrando fim.
Minhas melhores frases de ódio inflamando na poeira.
Enquanto aqui tudo é simbiose de sentido, há de haver pouca esperança.
Talvez seja por isso o não esperar.
Quem quer calar seus gritos que feche os olhos.
Eu continuo gritando.
Só assim ainda enxergo a sua falta de palavras e o sorriso aberto.
Partida distraída dos meus devaneios.
Se vão, só me sobram minhas desconstruções e raridades envidraçadas.
Toda vez que você desaparece, somem minhas sombras.
Inclusive, eu mesmo encontro meus próprios esconderijos.
Dormindo, me descarto e me permito.
Permito ser aquilo que mais posso ser.
E deixo sair qualquer sombra de paz, qualquer calma.
Sonhando me dispenso de existir.
Mas acredito que existo pelo simples motivo dos desavisados: acordar é nascer.
Todo dia nascemos.
Cansei dos meus fins.
Agora só propagamos começos.