O sonhador

Inventei a sorte sem nem mesmo ter provado outro caminho.

Desilusão passada jamais vivi, tal a levza cínica desses dias.

Amanhã é estrada.

Futuro é destino da morte e dela já me cansei de esquecer.

Tanta cor nos seus olhos, tanta alegria velada.

Tanto mais.

Anos e anos encontrando fim.

Minhas melhores frases de ódio inflamando na poeira.

Enquanto aqui tudo é simbiose de sentido, há de haver pouca esperança.

Talvez seja por isso o não esperar.

Quem quer calar seus gritos que feche os olhos.

Eu continuo gritando.

Só assim ainda enxergo a sua falta de palavras e o sorriso aberto.

Partida distraída dos meus devaneios.

Se vão, só me sobram minhas desconstruções e raridades envidraçadas.

Toda vez que você desaparece, somem minhas sombras.

Inclusive, eu mesmo encontro meus próprios esconderijos.

Dormindo, me descarto e me permito.

Permito ser aquilo que mais posso ser.

E deixo sair qualquer sombra de paz, qualquer calma.

Sonhando me dispenso de existir.

Mas acredito que existo pelo simples motivo dos desavisados: acordar é nascer.

Todo dia nascemos.

Cansei dos meus fins.

Agora só propagamos começos.

Fernando Cesar
Enviado por Fernando Cesar em 08/09/2014
Código do texto: T4953917
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