HIDROELÉTRICA

Pela hélice da turbina por onde Pessoa quedou preso

eu passo cuspido dique abaixo como um abortado.

A imensurável hidroelétrica se abre sobre mim jorrando seus turbilhões

e me arremete.

Desço ao abismo mais profundo

e retorno aos seus arrimos.

Não há gritos a serem ouvidos,

só a explosão das muitas águas,

nem pavor para que eu possa ser tomado.

Nada além de espumas.

A visão da barragem colossal diminui

à medida que meu corpo distancia levado correnteza abaixo.

Onde estou, para onde a vazão me leva, nada importa.

Só o espaço tempo, náufrago, deriva à minha volta.

Asael Souza
Enviado por Asael Souza em 13/09/2014
Código do texto: T4960741
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