HIDROELÉTRICA
Pela hélice da turbina por onde Pessoa quedou preso
eu passo cuspido dique abaixo como um abortado.
A imensurável hidroelétrica se abre sobre mim jorrando seus turbilhões
e me arremete.
Desço ao abismo mais profundo
e retorno aos seus arrimos.
Não há gritos a serem ouvidos,
só a explosão das muitas águas,
nem pavor para que eu possa ser tomado.
Nada além de espumas.
A visão da barragem colossal diminui
à medida que meu corpo distancia levado correnteza abaixo.
Onde estou, para onde a vazão me leva, nada importa.
Só o espaço tempo, náufrago, deriva à minha volta.