O TROPEL DOS FARROUPILHAS

- Mas buena tchê!.. que barbaridade!

Não é que deu nas ventas da Coroa

surrupiar de impostos esta terra boa,

chão dotado de muita prosperidade?

- Porque lhe despertou na ganância

a facilidade de lhe cobrir a gastança.

- Se ouve no pampa à orelhas atentas,

que haverá reboliço e muita peleia,

pois, gaúcho quando se desenfreia,

ninguém lhe apaga o fogo das ventas.

- Ala pucha!... coragem e determinação,

vai ser preciso pra enfrentar a Nação.

Estas conversas nos boliches rolavam

nas tantas querências deste pago,

mas jamais se pensava no estrago

que nas tropelias e refregas esperavam.

Resoluto, partiu o gaúcho, destemido,

peito aberto ao confronto com o perigo.

E foram dez anos de muita valentia,

forte foi o tropel farroupilha a ecoar,

que até como republica se fez respeitar

e estava o rumo definido, assim parecia.

Mas vieram reveses em muitas batalhas

e de tantos heróis, restaram as mortalhas.

Na volta aos boliches esta mesma prosa,

não tinha o igual sabor de muitas glorias.

Se houve, é bem verdade, tantas vitórias,

a derrota, com certeza, jamais se entrosa,

no orgulho deste povo aguerrido, indomável,

mas, pacificado, em sua têmpera admirável.

Quando se encontram guascas milongueiros,

sempre há muita rima entre trago e chimarrão.

Nos versos, ainda, dos causos fazem menção,

contando as façanhas de guapos, altaneiros,

que ainda ecoam pelas encostas e coxilhas,

deste extremo Brasil: O tropel dos farroupilhas.

Marcos Costa Filho
Enviado por Marcos Costa Filho em 15/09/2014
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