ANDORINHA
Oxalá ouvisse eu a avezinha.
A andorinha cujo canto Manuel ouviu.
Quisera eu na minha vida à toa
ouvi-la sempre a zombar de mim.
Mas nasci no tempo das almas desprovidas,
das aves indistintas
pousadas nos cabos, nas cercas,
nas antenas de TV.
Nada ouço além de chilreios.
Nada vejo além do que todo mundo vê.