Ossuário
Tua voz aguda não mais me assusta,
Nem tuas mãos sulcadas;
Quiça teus olhos, outrora negros,
Agora azulados.
Ah, pai!
O que te resta é uma galeria de ossos.
E, pergunto eu:
Cadê tua prole infértil?
Tua postura impertigada?
Teu egoísmo?
Tudo agora são míseras lembranças:
Um abraço negado;
Um olhar de esguelha;
A perna cruzada;
A Bíblia na mão esquerda;
A direita de apoio ao queixo;
Um oscilar do corpo.
Entoemos ladainhas ao teu nome! Não.
Façamos teu epitáfio! Não.
Não, tua presença sempre foi muda.
(Se ao menos tivesses cantando pra eu dormir).
No silêncio jazem,
Todos os domingos,
Os sábados de feira livre,
Tuas alparcas de couro,
Tua violência contida,
As escarradas ruidosas,
Teu orgulho de roceiro.
Jazem todos atrás do guarda-roupas;
Junto ao cartão nunca entregue,
E nele a declaração não proferida:
Eu te amo pai.
Tua voz aguda não mais me assusta,
Nem tuas mãos sulcadas;
Quiça teus olhos, outrora negros,
Agora azulados.
Ah, pai!
O que te resta é uma galeria de ossos.
E, pergunto eu:
Cadê tua prole infértil?
Tua postura impertigada?
Teu egoísmo?
Tudo agora são míseras lembranças:
Um abraço negado;
Um olhar de esguelha;
A perna cruzada;
A Bíblia na mão esquerda;
A direita de apoio ao queixo;
Um oscilar do corpo.
Entoemos ladainhas ao teu nome! Não.
Façamos teu epitáfio! Não.
Não, tua presença sempre foi muda.
(Se ao menos tivesses cantando pra eu dormir).
No silêncio jazem,
Todos os domingos,
Os sábados de feira livre,
Tuas alparcas de couro,
Tua violência contida,
As escarradas ruidosas,
Teu orgulho de roceiro.
Jazem todos atrás do guarda-roupas;
Junto ao cartão nunca entregue,
E nele a declaração não proferida:
Eu te amo pai.