ANZOL

Recupero os sentidos

Logo após

Levar porrada

Já não sei

Se me equilibro

Aqui na beira

Da estrada

Vou seguindo

Meu caminho

Sem olhar a direção

Do vento

Vou seguindo, vou sozinho

Sem me preocupar com o tempo

Debaixo desse céu

Debaixo desse sol

No meio deste trópico

Sou ser, sou nada

Sou anzol

E nesta estrada que me leva

E me dita a direção

Passa carro, passa gente

Passa boi, passa boiada

É tanta cerca que me cerca

E me separa

É tanta tristeza que observo em

Cada rosto em cada cara

Menino franzino, magro e com fome

Homem de idade, curtido e sem força

Com o cabo da foice na mão.

Sylvio Neto
Enviado por Sylvio Neto em 12/09/2005
Código do texto: T49712