POEMIX

me chamaram por aqui

quando voltei os olhos

acabei por me desvir

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batida maluca

funk aguiar

e o morango txutxuca

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ó.cio

venha a mim

não apenas em sua época

que toda época seja

ó.cio

e nos deitemos juntos

para fazer muito nada de mais

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macaxeira?

xeira sim

a dor do sertão

a dor da terra

ai [de] pim

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disseram pra ele

faz um curso

pra fazer concurso

mudou o caminho

resolveu pedir recurso

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apaguei

apaguei apenas

era tempo de apagar tudo

não destruí nada

só apaguei

apaguei de fechar os olhos

e tudo ficar escuro para deixar tudo claro

apaguei pra reacender a luz

e achar mais espaços em branco

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torcicolo:

é que meu tronco

criou raízes por você

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o que fez então

com que o destino se cumprisse?

o ouro do silêncio

ou as coisas

que eu te disse?

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peguei as claves

notei em tom:

a partitura da vida

tava descompassada

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pobre moça

acha que se livra de mim

com muito gelo

e duas doses de gim

nem sonha:

continuo grudado

na sua alma

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NUVEM

a almofada dos deuses

cansada de ser descanso

pegou um táxi de vento

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sobe uma mão

(a minha)

e nenhuma desce

nenhuma mão se junta

a outra mão

(sozinha)

pra agarrar a minha vida

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silêncio

cale a boca

é minha vez

de falar

(esperar a resposta do eco

ou ser chamada de louca)

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vou sempre um passo atrás

não sei se pra contemplá-los

ou se é cautela de mais

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SANDU- ISH...

pão

salsicha

tédio

alface

tédio

too much

pão

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raiou o dia e veio o sol

a poesia é de lua

nunca sabe quando vem

vem com o vento e o tempo

qualquer coisa ou ninguém?

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momentos elásticos

as pausas no tempo

são vidros ou plásticos?

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aquela ali?

gata demais

só que tem

um único perfeito:

quase nunca mimimia

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REMOTIVACIONAIS

você é gordo,

me disseram.

um corpo enorme

provando ser maior

que as leseiras alheias.

você é corno,

te disseram.

na sua galhada

brotarão frutos da experiência.

tu é um poste,

disseram a ela.

mas ao menos

me deu uma luz.

você é tosco,

me disseram.

ao menos sou rústico.

sendo duro duro mais,

sendo grosso não quebro,

sendo um palito

cutuco melhor a concorrência.

você é louco, eles disseram.

e que bom

que a lou-cura

nos serve de remédio...

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SENZELO

a moça

já alforriada dos desejos

se isauria por ele

vontade de ver seus dentes

(quem sabe acabar no tronco?)

e sonhar com o dia

de serem tão iguais quanto deveriam

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cansei das organizações

derrubei tudo

joguei umas ideias na parede

rasguei umas crenças

e descasquei um muro de lamentações

sobrou aquela bagunça de sempre

e um tapete com esses versos

"welcome to my headouse"

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ponto ponto pronto

aumenta um

ou dá desconto?

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sua razão

tão mais ou menos

quanto a minha

acabou meio sozinha

nenhuma se deu vazão

resolveu virar rainha

de uhum

e nada não

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ZEN [VAGA]BU[N]DISMO

des-aventurado é aquele

(coitado)

que anda no caminho

do meio

(parado)

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a vida lhe deu um banho-

maria

fez um pudim

quebrou o gelo

tomou a paranoia com

gosto

desceu redonda-

mente convicta

barriguda e cheia de si

mandou tudo água abaixo

descargou-se do ruim

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a paranoia

já era impará(noiá)vel

bola de neve des, aliás,

cemsgovernada

azar o dela:

a dona da bola era cabeça quente

cabeça quente e dura

torrou o saco da paranoia

arrumou um lugar ao sol

passou chapinha secador

e um tempo na frente do fogão

a paranoia agora

é um caldinho de gelo seco

reduzindo no fogo da vida

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MATUTANDO #1

as carta de amor é tudo besta. mai também num ia ser carta de amor se num fosse besta, né... na minha época eu até escrevi umas fulerage dessa de carta de amor. pense numa coisa besta... agora mais besta ainda é quem nunca escreveu uma coisa besta que nem essa tal de carta de amor cheia de besteira. rapai, e num era bom aquele tempo do ronca que eu escrevia essas carta de amor besta sem nem prestar atenção direito nos troço... no final das conta o que eu me alembro dessas catrevagem de carta de amor é que é besta que só a mulésta dos cachorro. e as palavra que arrente escreve e as coisa que sente escrevendo? aí é que é besta mermo!

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não preciso de olhos

meus pés veem por si

um caminho qualquer

uma pedra no meio da pedra

um caminho de barro batido

que um dia me enterre

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influência de uns fluídos

um sinal de poesia

achada nos perdidos

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dobrar

dobrar

dobrar

talvez fluir

por uma via

até que o sinal vermelho sangue

me desamarele

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não é tempo de escrever

eu deus me uma pausa

em mim pra me rever

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prato do dia:

homlet

com milkshakespeare

nem só de ar-te

revive o nome

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quero alguma coisa

não sei o que

quero não sei

o que quero

e quero apenas

como se não soubesse

se quero ou não

devo ser doente de alguma coisa

talvez existe não sei que cura

ou alguma esperança

não sei se a quero ou não

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a vida foi ali

ver se eu tava na esquina

pra tomar minhas cores

(não era da conta dela

a dívida era comigo mesmo)

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adotei um filme.

castrei as cenas tarde demais:

já tinha procriado trilogêmeos

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presente de grego

um beijo no furico

pra fulano do rego

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aconteceu um crime

a mulher se matou

com várias facadas

cortava muita carne

e poucos problemas

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STATUS DA INDIFERENÇA

discutir?

não tô afim

nem quero

prefiro só curtir

e chega de lero lero

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resolvi fazer uma operação detox

três horas sem tecnologia

três minutos de silêncio

e três segundos (e meio)

sem olhar pra sua cara

dieta verde verdade

lanchar o que precisa ser (re)visto

(seja lá o que seja)

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salvei o livro de mim

cortei os personagens

sobrou um possível final

e um conflito de viagens

vou fazer então

um livro de (re)inícios

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ainda é sábado

um dia de emenda

não sei se ouço babado

ou se é tudo parlenda

talvez o futuro sussurro

de outra semana

outro mundo

outra lenda

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eu quase desisti da vida

a vida não desistiu de mim

me catou do barro

de lá do fundo do poço

me soprou e disse:

ei seu moço,

acorda pra mim aí!

Dija Darkdija

Dija Darkdija
Enviado por Dija Darkdija em 22/09/2014
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