Estou indo
Em derriça ruidosa desfolha-me o canteiro,
Desfolha ao vento seco e em terra ardente;
E nu, e abatido, à origem me entrego inteiro,
No Teu infinito coração clemente...
Estou indo...
Pelas vertentes, pelas quedas e sinuosas fendas,
Nas súplicas apagadas ao rugir dos ventos
Soprados dos profundos vãos das vãs contendas,
Ao baço e tórrido sol e em noites sombrias;
Estou indo...
Vagueando na superfície das lágrimas,
Despido das estampas, dos gestos e dos fatos,
Os que baldam a relevância dos meus atos,
Busco pelos Teus nomes em brancas páginas.
Estou indo...
Deponho o soluço d’alma em Tua mão
No escorrer das horas, lento e sinuoso,
E reencontro Tua voz de compaixão
Em cujo ecoar, a vida nasce,
Em ritual silente e amoroso.
Estou indo...