Vozes do silencio

Da manhã do tempo ouço seu clamor,

Vozes do silencio de mim desgarradas.

Ávidos lamentos do não amado amor

Escondido nos cúmulos das incertezas

Amordaçadas.

Eco longínquo de vozes sem vida

Dos rascunhos de sonhos de amores não tidos

De verbetes não lidos da estrofe perdida

Nos mananciais de princípios e dogmas

Poluídos.

Proclamas das horas sepultadas em devaneios

Por não amar com o amar que o amor quis,

Quando quis do amor subjugar os anseios

Enxertados com espectrais e renitentes receios

Desde a raiz.

Róseo fulgor não havido que haveria de ser,

Nesta negra e poeirenta mina de hulha,

Ora resta lutuoso brilho do anoitecer,

Sob o olhar vago e profundo da ave penitente

Que infeliz arrulha.