BRUMAS

Nada sei do meu futuro,
incógnita obscura que dorme
envolvida entre mistérios
nas brumas insondáveis do tempo.

É visão transparente e etérea
que eu busco apalpar indeciso.
Não diviso, sequer, as nuances
que ele guarda, mesquinho, escondidas
entre véus de ilusão cambiantes,
que contemplo espavorido.

Nessa angústia itinerante
minhas carnes se arrepiam
em desespero, desnudas.
Cai a noite... em dia muda
e a vida continua
nesse martírio estafante.

Alma errante, pegureira,
vem aqui e apascenta
os meus medos, os meus receios.
Acolhe-me, menino traquinas,
que hesita em abrir a cortina
e tem medo que anoiteça.

                .  .  .

 
Em meio ao teu divino arrepio
para o abraço me impelem as brumas
e quanto mais em ti me vicio
profana, mundana, tu me enciumas...