TRANSEUNTE
Quando você pisou sobre a faixa,
meu carro parou,
meu coração também.
Parou o trânsito.
Parou o tempo.
Parou o ar
e o meu pensamento.
Todos os sinais ficaram obsoletos,
entregues ao abandono.
Até o guarda estacou
e o som de seu apito súbito ficou no espaço.
O sorvete deixou de derreter na boca do menino.
A fumaça quedou sobre a carriola de churrasquinho.
Os transeuntes ficaram como frutas de cera
dispostas em baixela sobre a calçada.
O universo parou ESTERESTÁTICO.