Poemas Mortos

Quantos poemas ficaram guardados

nos casulos da alma

Medo de perderem o encanto

ao se transformarem em palavras

Morreram nos enrugados corações

antes de nascerem

Não viram as cores da vida

Não sentiram o cheiro da terra

Não beberam água da fonte

Não viajaram no brilho das estrelas

Não choraram a solidão do mundo

Não conjugaram o verbo amar

Não se perderam no universo das loucas paixões

Não beijaram a boca dos sonhos

Não se encantaram com a utopia do olhar

Não percorreram o solitário mundo das vãs ilusões

Não se deleitaram com o silêncio da noite

Não murcharam com as folhas secas do tempo

Não se deixaram levar pelos ventos

das tempestades invernais

Diluíram-se com o peso da própria dor

Foram-se de mim como se vão os grandes amores

Deixaram de lembrança sementes de saudades

Não deram-me se quer o direito de acenar

um simples adeus!

12/08/2003

Zena Maciel
Enviado por Zena Maciel em 12/09/2005
Código do texto: T49872