Foto: Feitosa dos Santos
Inferno ou o céu de cada um

 
As águas do inverno lavam a alma,
Remove a sujeira, o que virou lama,
Bendito inverno e benfazeja água,
Outra vez somos um corpo de pé e,
Não o pó do corpo no solo da terra,
Sobre esta, serpenteia a água suja,
Despojos de tudo, que não fora lícito.
 
Vai indo o inverno levado na água,
Vem vindo com a primavera as flores.
Os campos mais verdes enobrecem,
Os seres envolvem-se, mais amores.
Estrelas cintilam na escuridão da noite,
A lua dos namorados vagueia no céu,
Cúmplice da noite, da brisa passageira.
 
Passageira a vida que cumpre etapas,
Passageiro o homem que vive senões,
Também é passageira a saúde, o amor,
A doença, o prazer, o trabalho e a dor,
A alegria, a esperança e a ausência,
A indiferença que nutre o egocentrismo,
Tudo é levado por águas das estações.
 
Outubro de 2014
Feitosa dos Santos