VENTOS E SINOS
Passava um pouco das 16 horas
Quando a tarde cobriu-se de cinza
E o Sino-de-Vento tilintou de frio...
Talvez pela hora, não sei,
Talvez pelo sino...
E o menino apareceu-me
Sentado sobre o telhado
Numa tarde qualquer
De um tempo bem tarde
Numa cidade pequena,
Cidade berço, infância e adolescência,
Cidade essência,
A ver a procissão subindo o morro do outro lado
E ouvindo um sino cadenciado
Tocar lugubremente, pausadamente, pesadamente,
Tanto quanto parecia pesar o que os homens carregavam,
Tão lentamente,
Dentro daquelas alças...
Vento Sul e frio;
Cinzentas nuvens ligeiras tocaram o meu Sino
E acordaram as lembranças
Do meu tempo de menino.