As cinzas do roseiral

Queima. O fogo consome

um jardim sem muros

e sem nome;

Ainda assim, secreto,

acolhido por montanhas sublimes

que o enaltece.

Um jardim de flores comuns;

O presente do estéril.

A inspiração do ébrio poeta...

Eis o profeta! Abrem-se as mãos,

e rolam as pedras.

Se despreza a face que envelhece.

Salvem a pétala de Maria!

O sofisma se esvaece

junto à fumaça.

Sacos grosseiros encobrem

o espetáculo do século;

A nudez recebe sua recompensa.

Os deuses assistem em silêncio

a epifania e as lágrimas sagradas,

sublimam as almas condenadas.

Inalam o malcheiroso prenúncio

de um crime culposo e passional;

Abrem-se as janelas das virgens.

O que restou do roseiral?

Apenas cinzas a encobrir os ideais.

A peleja terminou e

as espadas não ferem mais.

Dos olhares de desgosto

jorram águas turvas.

Já não se ouve o canto dos pássaros,

e as montanhas

não são mais tão imponentes.

O tempo cumpriu sua missão;

O sono já destila sua benção...

Dos sonhos reconstroem-se as máscaras.

Marcelo Maia
Enviado por Marcelo Maia em 24/05/2007
Reeditado em 01/04/2016
Código do texto: T499882
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