Lamento da barata
Eu sou uma barata e não consigo viver só.
E se eu fosse uma batata, quem de mim teria dó?
A diferença é de um fonema, mas imaginem a cena:
Baratas e batatas, amarelas e pacatas.
Batatas baratas, na feira ou debaixo da terra;
Baratas de barato, tontas neste poema.
(Visualizem essas cenas e vejam que não são poucas!)
Nem baratas nem batatas são usadas no singular;
Há sempre duas ou mais a correr ou pulular.
Porque eu, barata, não consigo viver só,
Mas me encontro agora isolada neste alegre xilindró.
E aí me imagino batata, para ver se se encerra
Esta sincera angústia de uma barata de cor fúcsia!