Ao te despires


Ao te despires dos tantos preconceitos,
Com que, por toda a vida, te encobriste
E hoje desafias a própria vida, em riste,
Acolhendo-te, afinal, junto a meu peito,
Vejo que o tempo perdido, desperdiçado,
De sofrimentos mútuos, da dor da espera,
Em que até pensei que fosses uma quimera,
Que se desvanecia, somente um sonho sonhado,
Em minhas tantas noites de solidão, vazias,
Quando clamei por tua presença companheira,
Vendo-te distante, como se a estrela derradeira,
Somente retida na retina de minhas poesias.

Quando hoje retornas a teu ponto de partida,
A nosso leito, que nunca devias ter deixado,
Palco em que foi, entre lágrimas, encenado,
O drama desta infinda comédia de nossa vida,
Em que fomos Julieta e Romeu, enlevados,
Eros e Afrodite, deuses mesmo que por instantes,
Abelardo e Heloísa, Werther e Carlota, amantes,
Don Quixote e Dulcineia, Ceci e Peri, amados,
Amores separados pelas brumas do tempo,
Mas que, como este nosso amor infindo,
Se manteve preservado e floresceu, lindo,
Mostrando ao mundo a eternidade do sentimento.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 23/10/2014
Reeditado em 02/09/2017
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