Solidão (IV)

Longe estão os teus olhos, pois deles não tenho notícia.

Pergunto ao tempo, mas também ele não sabe onde estás...

Grito ao vento uma saudade nada fictícia

e inicio o luto pelas ausências que me dás...

Ando pela vida à tua procura...

Calcorreio mares e serras, sem exaustão...

Aceito que a vida, na sua loucura

roube de mim essa grande ilusão...

Roubarei eu dela esta coragem tardia

onde me escondo, para te encontrar

pois sem ela não sei como faria

para este desejo de um beijo, te confessar!

Solidão companheira, o Outono se aproxima

invadindo de brisas frescas os mais curtos dias...

Guardarei em silêncio e segredo a minha rima

indo ao encontro do silêncio que também irradias...

E pode ser que apareças da tua "morte"

a galope de um belo cavalo selvagem

vindo ao meu encontro com um abraço forte

que tragas nos braços ao voltar de viagem...

Jacinto Valente
Enviado por Jacinto Valente em 23/10/2014
Código do texto: T5009518
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