UMA DATA

Há uma data,

Um calendário,

E um tempo tão bruto e selvagem que roem as memorias,

Que roem as palavras,

Roem os olhos,

Roem os passos,

Roem o homem.

E fiz anos hoje!

Há uma data,

Um calendário,

E um tempo tão bruto e selvagem que roem as memorias...

E eu tive falhas!

E foi de andar descalço em pessoas,

Foi de está nu em mim mesmo,

Foi por perceber, sentir, dá e ter poesia,

Eu tive falhas...

Contemplei os zodíacos!

Xinguei os padres,

E fiquei festivo com os políticos,

“Triste zodíaco que me rege”

Há uma data,

Um calendário,

E como fico bêbado olhando pra mim!

Há, quantas náuseas, esse eu me causa,

Homem pequeno,

Poeta frouxo,

Nasceu fora da sua cidade!

Mas...

Há um tempo que roem,

Um tempo passado,

Um tempo só nosso,

Um tempo que foi delírios,

Que foi festa,

Que foi medo,

Que foi tão forte e vivo que parecia real,

Um tempo gastado em nossos melhores pecados!

Um tempo meu!

Há uma data,

Um calendário,

Mas nem faz sentido...

Severino Filho
Enviado por Severino Filho em 23/10/2014
Código do texto: T5009898
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