Um canto

Euna Britto de Oliveira

Não entendo de Eletrônica,

Mas meu filho, sim.

Computo a palavra e pronto!

Ela me alcança

E às vezes me cansa.

Quando posso, fujo.

Quando a quero, apareço para ela!

Brincamos de esconde-esconde...

Fico vermelha como uma romã

Quando há má circulação!

Ou pálida...

Revezo estados.

Ainda não aprendi a ser normal.

O meu estado é de cidade,

Não de sítio.

É bom ser brasileira!

O que mais me bloqueia é a teia de aranha

Que arranha a superfície

Da ilimitada liberdade.

A teia feita de peias.

Viscosas peias

Das quais só as Mãos do Alto podem livrar!

Canto sozinha

O canto bem empregado

Que eu canto no meu canto

Para Deus, do meu lado.

Ó Jesus Menino,

Já viste algum sino?

É todo de bronze

É todo bonito!

Maria já viu tudo:

O sino, a sina e o mundo!

Maria do meu lado, às onze...

Meia-noite chegando, o relógio mudo...

Maria vai-se embora e deixa José, de pé,

Do meu lado!

Ó Maria,

O canto que eu canto

E ninguém vai ouvir

É um canto para o Menino

Que vem me redimir!...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 25/05/2007
Código do texto: T501424