Como borboletas


Hoje, logo após adormeceres, extenuada,
Multicor borboleta pousou em teu ombro,
E por teu corpo nu vagou, sem assombro,
Tocando-o, como eu, enquanto eras amada.
Caminhou, insolente, por tuas costas,
Despertando somente suspiros profundos,
Como quando as beijo, buscando o mundo
Em que me encontro, do jeito que tu gostas.

E, ao ver que te deliciavas com o contato
Suave, passei a percorrer teu corpo com beijos,
Dolentes, reprimindo todo o nascente desejo
De, ao invés de beijos, cobri-lo com o tato.
Absorto em minha faina, nem mesmo percebi
O doce sorriso estampado em teus lábios,
Dissimulando o enlevo que sentias, e eu, sábio,
Não observei que a borboleta voara, e persisti.

De repente, como se fosses satirídea borboleta,
Retesas todo teu corpo em bocejo fremente,
Alças tuas mãos como se aos céus, dolente,
Me envolves em abraços, como se mera ninfeta.
E vagamos juntos, pelo jardim das fantasias,
A sugarmos mútuos os néctares deste amor,
Como borboletas a voar de flor em flor,
Livres, unidos a desfrutar da infinda poesia...
LHMignone
Enviado por LHMignone em 31/10/2014
Reeditado em 31/10/2014
Código do texto: T5018661
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