Sendo eu mesmo

Quando eu era pedra

carregava o mundo nas costas

Quando eu era pavio

consumia-me em dar respostas

Quando eu era vento

conseguia encher-me de vaidades

Quando eu era fogo

apagava-me a própria brasa

Quando eu era casa

prosseguia sem abrir janelas

Quando eu era eu mesmo

aí sim é que eu significava

peso de pedra pra quem não me queria

fim do pavio para quem me consumia

rajada de vento para quem me queria brisa

chamas ardentes para quem se protegia

porta fechada quando não me abria

Quando eu era eu mesmo

assim eu não sofria