Quando leio eu sou mulher

Sim, é quando leio que em mim desperta

O sexto-sentido, tão típico da mulher

Pouco importa a forma, o tema ou conteúdo

Capto em cada sílaba, em cada verso

O tom de voz, o sarcasmo, a mentira...

... e o que mais houver

Ah, acho que quando eu leio, eu sou mulher

Sim, é quando leio que meu ser interpreta

Cada célula do teu ser, diluída em papel

Que importa o seu papel na história?

Quando deixas gravada a tua memória

A tua unidade e tua identidade como impressão digital

Em cada pausa, cada ponto ou em cada vírgula

Deixas impressas nas entrelinhas, a tua intenção real

Ah, quando te leio, sei se tens a alma

De um homem ou de uma mulher

Percebo variações como em uma escala

As palpitações de seu coração

A adrenalina, a violência ou a calmaria

O teu tesão ou a falta dele, a tua libido

E até o tesão e o tamanho de tua fé!

Pois é, quando leio, tudo o que leio

Desata todos os fios de seu caractere

Te desnudo de máscaras e de vestes

Como artesão, retiro de ti todo o excesso

Das crenças, das verdades e dos mistérios

Te exponho a alma, tenha sido no barro ou no lodo forjada

E como homem que sou,

Apaixono-me por você, mulher!