Eterno recomeço
Atravessei para o outro lado
E toquei a margem desconhecida.
Flutuei sobre a fumaça,
Vi minha imagem distorcida.
Um corpo cremado...
As cinzas lembram a areia do mar...
Eu tentei dizer, mas não pude suportar...
Morri aos poucos, sufocando-me em sonhos abortados.
A luz que eu procurava me cegou
E eu não pude mais contemplar o belo, a inocência e a poesia.
Meu coração foi dilacerado por falsas promessas,
O amor não passou de ironia.
Pesar, cansaço, lágrimas, decepção:
O mundo desaba sem que se saiba a razão.
E foi de tanto procurar pelas razões
Que busquei compreender o antigo segredo:
A loucura é irmã da lucidez
E é a única capaz de vencer qualquer medo.
Aventurei-me por desertos, vales e precipícios
Em busca do que eu precisava saber:
Em um grão de areia, encontrei o universo
E, na luz da lua, o reflexo da esperança.
O sol veio aquecer os meus versos
E as nuvens me tornaram criança.