Carne

O corpo da minha carne

é carne do teu.

Sempre e nunca

somos um só, dividido em dois.

Não, já não quero estar longe.

Quero estar dentro, entre, através.

Vejo a improvável mistura

dos nossos “eus” — como leite e sangue

como suor e saliva

como pólvora e alguma bebida barata.

E nossas peles se fundem.

E nossos abraços, confusos,

se atravessam em longos,

numerosos braços.

Não, tenho certeza.

Já não quero estar longe.