A Flor de Lótus

Quando eu vagava sozinha no mundo
Era lenta a escuridão
O espelho de mim, vidro fumê
Paisagem enfeitada de solidão

Enquanto eu andava sozinha no mundo
Temia o brilho dos olhos alheios
Qualquer esquina o caminho certo
Os fins dispersavam-se por entre os meios

A voz do temor que não quer ir embora
Murmura que a felicidade é transitória
Burla o divino de fé divisória
Ignora a criança que de longe chora

Renasce o amor, calmamente cativa
Menina dos olhos, flor adormecida
A flor de lótus, anseios descendentes
Há clara beleza em coisas estranhas
Grandiosidade em gestos aparentes
Deflagram intuições entre as entranhas

Um sopro traz inspiração preciosa
A lótus recorda criação dadivosa
Adormecida semente da criatividade
Brota o encanto do nosso jardim

Enquanto eu estava longe de mim
Escassa era a beleza da simplicidade
Flor de si, de mim emigrante
Desembota a cor da liberdade

Águas profundas, flor de lótus ressurge
Resplandecente, a consciência confunde
O belo e o feio em elevado se funde
Flor de flor em mim se inunde

Quando eu andava de mim distante
A flor de lótus, bela semente
Floresce a flor, tal como antes
Pulsa em meu ser, flor vivente.