Teu nome é solidão

Eu não menti pra você

só quis ser quem sou desde o início

quis ter paz

alcançar um degrau mais além do infinito

crescer, trazer pra mim

um pouquinho mais de alegria, talvez

quis usar a cadência da vida

quis buscar as estrelas

quebrar a redoma fincada em mim

quis regar a semente do novo

e buscar ser de novo embrião de esperança e de cor

Sonhos buscam os que são perenes em tons

e eu quero ser mais

quero ver e escrever minha história

ter minha biografia na pedra, no aço, na memória

quero ser meu próprio ponto de transmutação

quero ter em minh’alma a certeza

que esta vida não tem sido e nem foi em vão

lutar, sem armas nas mãos

buscando cajado e formão

para, de pouco em pouco

qual escultor torto

formatar meu próprio coração

Mas tu,

destes flores mortas às moças bonitas

de cerne apodrecido

e deixastes, aos mortos, teu legado

de sonhos em pó

em ouro e em prata

forjastes moedas de Eldorado

pra em cara ou coroa

tua sorte o vento optar

procuras a flor mais bela

em pântano lamacento

o céu mais azul

em nebulosos dias

sem vento

procuras teus sonhos,

longe do porto do teu coração...

não precisavas conselhos

foste tu quem me ensinou a pescar!

mas, na pescaria da vida

Eu sou o céu

Tu és o mar

e sempre juntos estão

mas nunca se encontram

(Por isso teu nome é solidão)

pois ambos são infinitamente grandes e azuis

porém, o céu tem o alcance das minhas mãos

e tu, cabes na concha de um menino brincalhão

brincando com cera, argila e castelos de areia no chão

E no fim desta jornada de vida,

contas terei a prestar,

do que fiz

e do que não

Caroline Schneider
Enviado por Caroline Schneider em 29/05/2007
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