Açucena

Me deleito em teu olor imarcescível,

oh açucena; tuas cores ternas ostentam

a beleza calmosa e velutínea do jardim,

oh açucena! Musa fausta e alentosa

se derrame com tuas pétalas em mim;

e na tênue e purpúrea tez perca o pejo

e, se derrame tenra em caule arqueado

qu’eu me derramo em ti qual beija-flor.

Me deleito ao sorver do teu mel,

oh açucena; tua doçura faz o peito fremir,

perco o leme e o lume no acerbo da escuma

e me perco em ti como a alma na bruma.

Oh açucena! Me inquieta estar longe de ti,

na distância meu pranto é canto arguto,

no teu pólen meu ser é xucro e aragano

mas, sem ti torno-me soturno e gaudério.

Oh açucena! Deixe-me morrer no cerrado;

em teu colo macio e orvalhado,

oh açucena; deixe-me morrer de amor

beijando com ardor teu seio de campônia.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 02/12/2014
Código do texto: T5055887
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