a mulher da rua

Vai, triste e torta na minha rua, vai!

Uma mulher como tantas outras,

Na mão o cabelo sustenta,

No corpo, o tempo presença.

Será que ainda dança?

Vai mulher vai...

Teus olhos ninguém sabes, capaz!

Lagrimas por certo caí,

Finito passado, teia que não desfaz.

Vai mulher vai...

Teus braços ninaram!

Ou a homens foram imorais,

Que sendo carne, deu-se em carne, escravidão.

Vai mulher vai...

Ainda que não soubéssemos de nada, vai...

Ainda que amanhecêssemos tolos e virgens, vai...

Vai, que o pecado e de nós tão puro.

Vai mulher vai...

Quantos homens foram teus?

Em quantos homens fosse mulher!

Oh madona, oh madona!

Haverá um ventre onde só um homem o toca!

Vai mulher vai...

Carrega tua solidão,

Carrega tuas flores,

Carrega minha rua,

Minha poesia,

Meu medo,

Vai mulher vai,

Que talvez eu ainda beba outra dose,

Que talvez eu perceba outro espírito,

Que talvez eu aceito outra dança!

Que talvez eu te siga,

Poeta e manco de encanto.

Severino Filho
Enviado por Severino Filho em 02/12/2014
Código do texto: T5056727
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