UMBRAL
Lentamente
a carruagem de fogo
pousa
no horizonte
Percorro o caminho
ondulado e ascendente
em direção
a estrela empoeirada
Olhos flamejantes
curso a terra
transponho a água
invado a cortina do vento
Por despedida
vejo a tipuana flavescente
as léguas percorridas
a brevidade que ficou
Diviso rastros de afeto
a linha do tempo
o concerto espacial
No entanto
é rigoroso continuar
exceder a louça
renunciar
a emanação do jasmim
Peregrino solitário
abandono o elmo
desengasto os sentidos
exonero vestes e órgãos
Sem revestimento
finalmente despida
alma transpõe
a ombreira do sol
Porta cerrada
arrebol fugidio
apaga-se a vela
Remanesce
o perfume
do alecrim
percorrendo
veias noturnas
A fumaça que sobra
é um veleiro fortuito
desfazendo-se
na calmaria do ar