Passagem

A dona das letras surge senhora,

Singela e elegante diante dos versos

Que imergem serenos da folha

Baldia, vazia e sem graça.

E ela se veste de espaço e altera

O compasso da espera fugindo

Do branco, exibindo encanto e

Criando o momento da prosa.

Inibi o verbo, executa a figura

E reage aos erros chorando em

Silencio as gotas que rimam o

Abstrato ao substrato de nossa relação.

E a dona das letras esconde-se

Do tempo, presente em meu veto

E se vai para longe das frases.

O poema empobrece, se esquece

E seca por aquilo que peca:

A palavra é senhora que surge

Em visita aos pensares do moço

Que finge poesia e ofende

Sem zelo e sem tato a dama

Que o inspira, compondo uma

Coisa sem graça e sem sal.