SEXTA-FEIRA

Todos sabemos:

Amor é algo raríssimo.

Muitas pessoas acham que amam, sentem-se amadas. Mas na verdade tudo não passa de analgésico mental. Revela-se a farsa quando rosnam tempestades, o céu escurece e a paz dilui. Mas não era eterno? Pra ser eterno é preciso ser legítimo, coeso. Indelével. É preciso que haja entrega, sinceridade. Senão será apenas outro relacionamento rico em angústias. Um castelo que desaba no primeiro sopro, algo fugaz.

"Sede de amor, febre de anseio. Quase a escuridão." - Djavan.

Isso ilustra muito bem o início ou hiato de um relacionamento sem as balizas acima citadas.

O início é puro receio. Quebrar a barreira de forma precoce pode gerar uma série de intempéries irremediáveis. Deve-se calcular cada passo como se estivesse num campo minado.

Sim, a ânsia é imensa, o tesão também. Prudência? Deixe-a crescer. Claro, há raríssimas exceções no qual ambas as partes se se jogam sem medo. Estamos falando de algo recíproco (isso acontece uma vez a cada 2014 anos)... Se não fosse pelo fato do hiato ter sido fruto de várias brigas estúpidas, sua odisseia seria bem semelhante ao início.

Pra ruir o hiato é necessário que um dos guerreiros(as) resolva oxidar a armadura do orgulho. A questão é: quem? Primeiramente devemos analisar se realmente vale a pena. Coloque tudo o que ocorreu numa balança. Veja se em algum momento a pessoa demonstrou algum sentimento, buscou tua presença, quis teu beijo. Pode parecer estúpido aos olhos do mundo, mas tais coisas são vitais pra quem tem fé no amor e batalha por um relacionamento vivo.

E aí? Como foi? Saldo positivo? Caso contrário... Não perca tempo, valorize-se! A vida segue seu delírio pouco importando se estamos mal ou bem. Saibas que o cosmos é justo, leal. O universo te conhece com riqueza de detalhes e reverbera perante a energia que emanas. Ou seja, colhemos o que plantamos. Clichê? Sim, porém, verdade.

Não há espaço para a negatividade (apesar deste universo ser regido por yin e yang). Negatividade só atrasa e gera oco. Sei que é dificílimo suportar ao absurdo da existência humana, mas é necessário construir algo. Construir algo com o mínimo de influências nocivas. Algo fiel, espontâneo. A vida pulsa duro demais para ficarmos em eterna inércia e infelizmente é preciso beber das trevas para sentir a luz. É preciso seguir algumas regras, padrões. É preciso remar mesmo que seja imprescindível esperar. Não há atalhos. Até hoje nenhum ser evoluiu burlando. Até hoje ninguém prosperou sem amor. Você pode achar tudo isso uma incomensurável bobagem. Afinal, quem é esse cara? Quanto ele ganha? Onde ele mora? Esposa? Filhos? Possui conta no Itaú Personalitè? Idade? Diplomas? Quem é esse cara que discursa sobre amor, evolução, luz e trevas como se fosse um especialista...? Eu sou eu. Ponto. É uma questão de escolhas. Escolhi pesquisar, estudar, acreditar, percorrer. Escolhi viver todas as peripécias abordadas acima. Se vale a pena? Tudo vale a pena quando há recíproca. O universo é um organismo extremamente complexo que possui plena fixação em suas vidas. Nós somos uma espécie de ribossomo (embora os ribossomos possuam profunda ciência no que diz respeito a seu papel como vida). Apesar de tudo, sempre estive incongruente perante o mundo, a mercê de todas as inúmeras intempéries cotidianas. Uma intrínseca sensação de estar no lugar e hora errados. Cidades. As cidades são estranhas. Eu poderia culpa-las por drenarem minha suavidade férrea, mas quem possui leveza integral? Ninguém. Até mesmo Jesus provou sensações nebulosas. Aliás, um pouquinho só de caos não é assim tão ruim (só um pouquinho). O que isso tem haver com amor? Tudo! O amor na Terra encontra-se fielmente ligado ao caos, uma vez que criamos uma civilização altamente doente e repleta de frustrações. Isso gerou uma série de deturpações sentimentais que anularam nossos incríveis poderes e perpetuaram a terrível adaga do "quase" (neste exato momento estou recordando um relacionamento que QUASE deu certo). A maioria se entrega, outros trabalham, muitos se drogam. Alguns criam personagens monocromáticos e se escondem lá dentro. Poucos escrevem. Enfim, é uma sexta-feira a noite. Uma sexta feira como qualquer outra que já existiu ou irá existir. Talvez alguém esteja se arrumando pensando em te chamar pra sair. Ou pode ser que você esteja fazendo a mesma coisa. Boa sorte.

cristiano rufino
Enviado por cristiano rufino em 12/12/2014
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