MIRTES E A ORDEM DO VENTRE
 Debaixo da Pedra
 
O que é puro
Anda de pés descalços
Não ousa laços
Que não veja imensidão
O que torna virtude
Virtus malditos
Também sonham
Solidão de tempos
Vivídos
Mortos combates
A sina de um covarde
Não acorda espíritos
Dévora descansa
O corpo sobre a mesa
de mármore
perto da criptas-morten
o desejo da mestra da Ordem
permitirá o luto do séquito
descem brumas
caminham plumas
brancas
dos cisnes do lago
caem por todo vale
oferendas insípidas
luzes de velas
por toda trilha
aguardam os andantes
perdidos
a calma do mar
que banha pedras descidas
hinos de outrora
aurora passível
de agora
recantos úmidos
do charco
que nunca amanhece
tem um pedido
descrito de dias
feridas não devem brotar
as troianas avistam
nuvens se abrindo
nenhum anil se mostra
o escuro do lumiar
estrelado
desce a gota da permitida
na rosa púpura
que se abre
tem um rosto
que não chora
nas pétalas que caem
o coração desanima
o séquito fervoroso
das ninfas da arteira
sabem o porque dos céus
fel na voz
que na penumbra chama
chama que se apaga
desnudos corpos
veludos em alma
velam estradas
cabisbaixos olham a frente
criaram o desejo
naquilo
que não entenderam
os corvos avisavam
os lobos eram famintos
o banquete sempre
esperado
o teatro os gárgulas sorrindo
lá em cima
o Descido era um
inimigo elegante
Démon vivia
Entre os Terrenos
A muitos e muitos anos
O Hermita sangrava
Virgens
Que possuídas
Formavam hordas
As Raptoras do vale
Entre elas também
As troianas
E  outras tantas
Esposas dos homens do vale
Lilith ordenou o segredo
Das adágas-mãe
Que unidas
Entre elos e mundos
Trouxe os Perdidos
E a ordem das Mortas
O tempo do caos
P’ra fazer rainhas
Entre aqueles Terrenos
Por ela escolhidos
Filhos das novas eras
Que eras  viviam em Lilith
A senhora entre as víboras
A primavera das flores
O inverno do logos
A coorte do ventre
Caminha avante
Percebe adiante
O templo florido
Velas luminárias
Incensos do alecrim-de-creta
Queimam nos ventos
Que não trazem Dévora
Subida da tristeza
Olham ás avessas
De soslaio
Não querem os olhos
Negros brilhantes
Da Deusa de toda Ordem
No trono real de esmeraldas
Sentada cintilante
Unhas em passos lentos
Derrepente se calam
Os observadores
Insólitos
Também param
Ergue-se a cortina
Por detraz da grande dama
Um véu rubro
Descobre a ninfa dormindo
Pele de neve
Neve de estrelas caindo
O séquito é pérmitido
Andar sobre o circulo
Desenhado no altar
A coorte traz o bálsamo
P’ra ungir o rosto
As Raptoras as ervas
P’ro unguento no corpo
As troianas a roupa
De um linho vistoso
Feito nas cavernas
Desenhado
Pelas flores negras
Nascidas no Aliém
Que são colhidas
No ritual de quem atravessa
O tempo criado
No mandamento da Ordem
E agora descançará
eternidades
Na criptas-morten.