Amélia

Eu sou toda tua,

Mas divide-me com duas...

Três, quatro... Reticências.

Magoa-me e nem pedes desculpas,

Mas tenho fé que um dia supras...

Todas as minhas carências.

Eu, beldade?

Sou mulher de verdade...

Sou tua Amélia.

Não tenho a menor vaidade,

Não uso pedra de jade...

Organza ou bromélias.

Dizem por aí que sou tonta,

Pois não pagas minhas contas...

Não me assumes.

Que trabalho feito escravos,

Cozinho, passo e lavo...

Sem queixumes.

És meu amo, cafetão,

Dono, patrão...

Eu sou sua pajem.

Como um espírito me usas,

Pra que eu reproduza...

Sua mensagem.

Como fosse a inspiração,

Não dá satisfação...

Quando não vens.

É! Tu não me valorizas,

Mas me realizas...

Como ninguém.

Contigo nada é blasé,

Por isso pago pelo prazer...

Nem que seja a prazo.

To contigo mesmo sem retorno,

Mas há outras no entorno...

Que te consideram só um caso.