Febril

Alba alma, nefasto vulto

Contraste, além do muro

É tarde e o que já não sei

Aceito, que seja, a anti-lei

Desencontro do mesmo

Esconderijo úmido, tumulto

Arderá, pois, a estranheza

Caos e miséria, velho mundo

O insólito atrai, luas parelhas

Tão gélidas e vermelhas

Labaredas, estranho céu

Véu e o abismo sem fundo

Oro rogo o esquecimento

Lamento, nem um momento

Onde fecha as cortinas a paz

Presa nas frestas do desatino

Se há destino, haverá outro eu

Quando a queda é o apogeu

Um sim, um fim, espelho quebrado

Copos tristes, ilusões, orbe vazio

Inertes corpos, silentes, antes: cio

Cigarro tragado, e o que resta, presta?

Flores, dores, cinzas, o que se fala? cala

Indolor, incolor, é tudo tão falso e, ainda assim

Lágrimas imprestáveis, invariavelmente atrasadas

Mergulho no breu tudo é nada e o que é meu

É nada, um reflexo -distorcido - do que já foi teu.