O FUNERAL DO POETA
Amanhã não será mais que outro dia,
com suas luminosidades tolas
fazendo perecer a arte da escrita.
A oxidação toma tudo á sua volta,
a madeira do caixote e os pregos
que comportam a fúria que se foi, maldita.
E abaixo de toneladas de uma leitura indiferente,
cala-se o que era relevante como a vida.
Enterram-se as ideias e o corpo na terra fria,
porque dessas horas feitas de fios de matéria escura
nada mais nascerá nem permanecerá entre os dias.