CARAPUÇA

CARAPUÇA

Mal chega farsante,

parte mais um agonizante

para onde?

Mal lava o semblante,

a leva de poderosos se encontra

com este caminhante anão.

Esquecido dos versos,

carregando a carapuça

que não serviu,

mas que adquiriu

a custo da queima

de todos os ideais.

Parte mais um agonizante,

não é feriado no futuro,

não é dia do sofrimento.

É um disfarce,

é mais um feriado do presente,

da história sem face.

Não é nenhum passe de mágica.

Nenhuma sombra reluzente de herói.

Parte mais agonizante.

De tantas partidas se consumiu

os sais das terras,

os lampiões da terra.

Um semblante

diz sobre um beijo

que nunca aconteceu.

Diz sobre a mísera condição

de um mundo que sem nascer escureceu.

A carapuça tem um peso mais do que esfalfado.

Ela não serviu,

mas se agarra ao semblante

como fórmula,

ela é crua

como incômodo,

ela é nua

como lenitivo,

ela só atenua

como desespero,

ela se perde na rua.

FERNANDO MEDEIROS

Campinas, é outono de 2007.