À espera da Musa


Continuo à espera de u´a musa, não à procura,
Pois aprendi que procurar significa ter uma meta,
E encontrar, contudo, significa ter meta alguma,
Que substitua esta, perdida em meio às brumas
De minha solidão, o que fez de mim um asceta,
Eremita perdido nesta vida, radiante à loucura.

Quando a vir, saberei identificá-la, por certo,
Pela tepidez de seus gestos, por sua voz suave,
Pela textura de sua pele macia, por seu porte,
Pelo olor irradiado por seu corpo e, com sorte,
Captarei seus feromônios e guardarei com chave,
Dentro de meu peito sofrido, sem nada por perto.

Ela não será grande nem pequena, de porte médio,
De dimensões que possa contê-la em um abraço,
E, para beijá-la, se equilibre na pontinha dos pés,
Que tenha em sua boca, sempre, o gostinho de café,
Que deguste e se delicie com o cafezinho que faço
E lhe leve na cama, sorvido entre beijos, sem tédio.

Terá sempre estampado em seu rosto um sorriso,
Mesclado às lágrimas que às vezes correm pela face,
Mais de felicidade que tristeza, para que com beijos
As sorva, que tenha seu corpo repleto de desejos,
Que atenderei sempre, a cada instante deste interlace,
Em que nos faremos amantes, vivendo no paraíso.

Que tenha pés pequenos, delicados como os de fada,
Que flutuem silentes pelos tapetes de meu quarto,
Pernas e coxas macias e roliças, convidativas ao amor,
Que me enlacem e envolvam em momentos de torpor,
Que me acolham e aprisionem quando digo que parto,
Pulsantes comigo no mesmo instante em que é amada.

Que seja sempre desperta, talvez mesmo meio insone,
Para divagarmos por todas madrugadas em poesia,
E somente adormecer em meus ombros, acolhida,
Quando exaustos ao buscarmos o sentido da vida,
Ao final de mais uma noite, início de mais um dia,
À espera desta mulher tão amada, que seja seu clone.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 10/01/2015
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