Ano novo
Ser invisível e não alterar o curso das coisas.
Alimentava-se o poeta de angústias e desesperos.
Mas é um novo dia, e as coisas querem viver e pulsam.
Vermes debaixo da terra,
Anêmonas marítimas.
Água viva.
Sólidos livres,
Périplos silvícolas,
Horas e horas de espera,
Dúvidas orientadas por bússolas, ausências, sustos.
Hidratava-se o poeta com o longe e o estrangeiro.
Sem dar por si de si e de todas as coisas.
que
se
movem.
A tarde toda.
O tempo todo.
Com velocidade e sem bis.
E ninguém as detém.
E todo mundo as contém.
E todo o mundo é ninguém.
E ninguém sabe aonde vai.
E eu, que sempre quis ir para o outro lado,
Agora quero ir para o outro lado.
Porque conservo minha loucura
E levanto-a como um facho.
E eu, que pulso como pulsam todas as coisas,
E eu, que toco as coisas e mexo e remexo todos os cursos,
E uso e abuso de qualquer recurso,
Agora quero ir para o outro lado.
Do outro lado.
E a realidade, bebo.
E como.